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domingo, 5 de dezembro de 2010

Um breve e polêmico governo




Adoro esta foto. Ela sintetiza a desorientação política brasilera no início da década de 1960. Para quem não sabe, este senhor, um tanto quanto indeciso, é o presidente Jânio Quadros. Sucedeu JK e governou o país por apenas sete meses. Isto mesmo. Apenas sete meses. Seu mandato foi marcado por uma série de contradições, decisões polêmicas e desfecho surpreendente.

Com uma campanha que prometia “varrer” a corrupção da política brasileira, o candidato da UDN, Janio Quadros foi eleito presidente com 48% dos votos (a maior votação para preseidente até então).

Janio Quadros em campanha para a presidência da República (1960)
Porém, seu candidato a vice, o político mineiro Milton Campos, não venceu as eleições. João Goulart, ex-ministro de Vargas e candidato do PTB foi o vencedor.

 João Goulart (Jango)
Em seu governo Janio tomou medidas que desagradadaram diversos setores da sociedade, inclusive seus aliados. Para combater a inflação, cortou gastos públicos, congelou os salários, dificultou o crédito aos empresários e desvalorizou a moeda. O resultado foi recessão econômica.

Sua política externa foi influenciada pelos princípios da Conferência de Bandung que defendia o não-alinhamento dos países do Terceiro Mundo à nenhuma das duas superpotências: EUA ou URSS. Sendo assim, Jânio reatou as relações diplomáticas com a URSS, condenou a tentativa norte-americana de invadir Cuba e condecorou Ernesto Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul.

Cerimônia de condecoração a Ernesto Che Guevara. (1961)
A elite brasileira e os políticos da UDN não gostaram nem um pouco dessa aproximação do Brasil com os países socialistas.

Também adotou algumas medidas de tom puramente moralista, como a proibição dos biquinis nos desfiles de miss, rinhas de galo, lança perfume e corridas de cavalo em dias úteis.
Ao centro, Stael Maria da Rocha, Miss Brasil de 1961
Enfim, nunca, em tão pouco tempo, um presidente da República desagradou tanta gente. 
 
Em agosto de 1961, Jânio Quadros, se encontrava isolado politicamente. Para tentar recuperar o apoio do congresso, Jânio Quadros realizou uma manobra arriscada. Renuciou ao cargo alegando que forças terríveis tinham se levantado contra ele. 
 
Cientistas políticos e historiadores analisam que Jânio acreditava que não só a população protestaria contra sua renúncia, como os próprios setores conservadores pediriam o seu retorno, pois temiam que João Goulart, considerado pela elite como esquerdista, assumisse o poder.

Para a surpresa de Jânio, o povo nada fez e o congresso aceitou prontamente seu pedido de renuncia.